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domingo, 24 de março de 2013

Notas de Roda-pé


Provérbio
Há, algures, um provérbio que diz assim: se queres educar uma criança precisas dum povo. Coisa difícil. Vivemos um tempo em que encomendamos a uma classe especializada — amas, educadoras, professores, gurus, treinadores... — a nossa responsabilidade de educar. Dispensamos o povo, isto é, a comunidade de identidade, e entregamos as crianças a uns oficiais, digo aos profissionais da educação. Mas como educar nasce do coração e não apenas da razão e do título de competência a coisa pode dar para o torto. Estes dias lia num jornal espanhol um cartoon (desenho). Dois rapazes vão falando pela rua:
-- Não digas baboseiras. Se os Reis Magos existissem estariam na internet., diz um.
-- Não necessariamente; os meus avós existem e não estão na internet, estão num lar.
-- Boa. Como sabes?
-- Porque um dia fugiram e encheram-me de beijos.
Realmente cada vez é mais difícil educar.
Vimos, a meu ver, cometendo no mínimo dois erros: primeiro, entregamos os nossos filhos à tal classe especializada. Mas esta nem sequer educa os seus filhos, pois os reencaminha pela mesma via que seguem os nossos. Como poderá ela educar os nossos filhos se não educa os seus? Segundo erro: limitamos o acesso das crianças ao conjunto do povo. O diálogo que transcrevi é disso sinal. Dividimos a sociedade (e a família) em secções: secção um: os que produzem; secção dois: os que já não produzem; secção três: os que produzirão no futuro. Por vezes parecem secções estanques, sem comunicação. E como o povo anda separado é difícil ensinar o que é um beijo e aprendermos (porque nós também andamos a aprender) que os beijos são a maneira como os velhos nos educam.

Futuro
Antes do Ataque à América os jornais falavam dos meninos católicos da Irlanda do Norte que para ir à escola tinham de ser escoltados por soldados. Se nos olhos dos meninos de seis e sete anos semeamos balas e camuflados que esperamos colher dentro de quinze ou vinte anos?
Nos desenhos do Luis Afonso é que está a razão. Antigamente os avós contavam histórias e mantinham viva a memória da história que parecia demorar em passar. Agora parece que contam coisas mais práticas. Por alguma razão o Luis A. desenhou dois avôs na cadeira de rodas. Um é palestiniano, o outro judeu. O palestiniano ensina o neto a escolher pedras e como se colocam e atiram com a funda da Intifada; o judeu ensina a armar uma metralhadora e a disparar contra os árabes. Já nem nos avôs se pode confiar...
O melhor é educar as crianças com um povo inteiro por mestre.

Efeitos
O Ataque à América, para além da enorme depressão e do que não sabemos estar ainda para vir, teve algumas consequências interessantes. Por alguma razão o discurso oficial diz mais ou menos que se deu um empate técnico. Morreram seis mil pessoas ou perto disso, é verdade, mas, o orgulho da jovem nação americana saiu reforçado; a solidariedade subiu para o seu lugar, o primeiro; Deus está mais presente.
São vários os sintomas do reforço do patriotismo. Fixemo-nos apenas no epicentro do Ataque. As Twin Towers ruiram mas o povo anónimo — não todo, claro — quer vê-las reconstruídas e ainda maiores e mais esplendorosas, ainda mais afirmativas do poderio da única superpotência.
A solidariedade subiu, vinda de vários quadrantes, e alguns até inesperados. Chegaram muitas ajudas, vindas de muitos sectores. Os heróis dos americanos são os bombeiros. São eles quem têm direito a sentar-se nos bancos dos transportes públicos; para eles abrem-se alas quando passam a pé pelo meio da multidão; vão para eles as palmas sejam espontâneas, sejam em cerimónias oficiais. Há, porém, um efeito ainda mais interessante, e até inesperado. Os novaiorquinos passaram a cumprimentar-se no metro ou no elevador, falam de si na rua uns com os outros como se fossem conhecidos. E irmãos são, pelo menos na ressaca da tragédia.
Deus parece, de facto, mais presente. Aparece presente em discursos que o acusam de ausente. Uns queriam-no tipo big brother, controlador de tudo e todos; capaz de desviar as Torres antes do Ataque e de as colocar no sítio depois dos aviões passarem. Outros, como não encontram formas capazes para dar de beber à dor vão lavá-la ao silêncio das igrejas, à presença do sacrário, às mesquitas e às sinagogas. Lêem poemas e salmos, cantam e acendem milhares de velas. Deus anda mais perto de Nova Iorque.

Arquitectura
Depois do Ataque a América deixou de rir. Naturalmente. Mas o Presidente já disse que os americanos se podem rir, ou pelo menos sorrir. É mais um efeito sintomático. Há, contudo, outros lugares de reflexão da qual o futuro se encarregará de recolher os frutos.
Vai ser necessário repensar as cidades como lugares de mega-concentração de pessoas e consequentemente — ainda que nem sempre visível — de declínio da qualidade de vida.
Vai ser necessário repensar a arquitectura vertical. Eu que estou convencido que reconstruirão as Torres teria muitas dúvidas em lá viver. Prevejo uma fuga para o campo. Vai ser necessário repensar uma nova ideia de cidade e de organização das pessoas. Como manter os mesmos níveis de eficácia sem a concentração de pessoas e de serviços que se verificam nas cidades? Como pensar as cidades do futuro?
Vai ser necessário repensar a segurança das sociedades, até porque ninguém duvida daquilo que nos apresentam como evidência: a falha de segurança. Sem xenofobias é necessário pensar nos que estão dentro, nos que são de dentro. Até porque, por vezes, desde este dentro se comanda o mundo. E ninguém gosta dum punhal apontado ao coração quando tem de decidir.
Os momentos de crise são fonte de crescimento. Diz-se que quem tropeça e não cai anda mais rápido. A ver vamos se é o caso.

1’ de sabedoria
O Mestre tinha um discípulo de quem gostava mais do que todos os outros, o que despertou o ciúme nos companheiros. O  Mestre — que conhecia os corações — deu-se conta disso.
-- É superior a vós em cortesia e em inteligência, disse-lhes. Façamos uma experiência para que o compreendais.
O Mestre ordenou então que lhe trouxessem vinte pássaros, e disse aos discípulos:
-- Pegai cada um num pássaro, levai-o para um lugar onde ninguém o veja, matai-o e trazei-mo cá.
Todos os discípulos saíram, mataram os pássaros e tornaram a trazê-los. Todos... menos o discípulo favorito, que devolveu o pássaro vivo.
-- Porque não o mataste?, perguntou o Mestre.
-- Porque o Mestre disse que tinha de ser num lugar onde ninguém nos visse., respondeu o discípulo. Ora, em todos os sítios onde fui Deus estava a ver.
--Vedes?, contestou o Mestre. Vedes o grau da sua compreensão? Comparai-o com os outros.
E os discípulos pediram perdão a Deus.

Boa noite MUNDO!!!

Bem, é só para dizer um grande OLá, que estou viva e que me lembro muito dos
amigos com quem caminho apesar das distãncias, de todos...
Muitas beijocas a até qualquer dia (quando menos se esperar...)

Só quem tem paz em seu coração pode semear a paz! Teresa convida: "Mira que
te Mira" E com o olhar a tranquilizar o que vivemos! Pois "Solo Dios
Basta"...

È importante que haja apoio mutuo dos amigos ...de Deus!


[17 de Outubro de 2001]

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