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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Jesus veio


Era uma noite de Natal. Um Anjo desceu à casa duma família rica e disse à dona da casa:
— Trago-te uma boa notícia: Esta noite o Senhor Jesus virá visitar a tua casa.
A senhora ficou entusiasmada. Nunca julgara possível que a sua casa viesse a ser tão honrada. Tratou de melhorar a excelente ceia que programara, pois receberia Jesus. Veio tudo do bom e do melhor.

De repente soou a campainha. Era uma mulher mal vestida, de rosto sofredor, de ventre inchado e mal apresentado. Via-se que estava grávida e prestes a dar à luz.
Perguntou:
— A senhora tem algum trabalho para me dar? Estou grávida e tenho necessidade de trabalhar.
A senhora respondeu:
— Mas esta será uma boa hora para incomodar as pessoas de bem? Venha noutra altura. Hoje não! Vou receber uma visita muito importante. Não vê que estou ocupada com a ceia?

Pouco depois, um homem de fato-macaco cheio de óleo, bateu à porta. Disse respeitosamente:
— Minha senhora, o meu camião avariou aqui mesmo à porta da sua casa. Não terá por aí uma caixa de ferramentas para me emprestar?
A senhora estava a limpar as pratas e os copos de cristal e os pratos de porcelana, por isso aquela interrupção irritou-a muitíssimo. Não iria ter a casa como queria. Por isso respondeu:
— E o senhor pensa que isto é a garagem do mecânico? E isso são modos de falar? Saia já de minha casa que o senhor está todo sujo e com umas botas imundas!

E a anfitriã continuou a preparar a ceia: abriu latas de caviar, pôs o champanhe a arrefecer, foi buscar os melhores vinhos, preparou os aperitivos.
Naquele instante alguém bateu palmas lá fora. Será, pensou, será que é Jesus agora? E emocionada e de coração acelerado foi abrir a porta. Mas não era Jesus. Era um menino maltrapilho. Era um desses sem eira nem beira, que se via logo que dormia numa caixa de cartão à entrada dum qualquer prédio. Disse-lhe o menino:
— Senhora, hoje ainda não comi. Dê-me um prato de sopa, por favor.
Ela respondeu (pensando nos seus belos pratos):
— Mas como te vou dar de comer, se nós ainda não comemos? Ó horror! Volta amanhã, porque esta noite é impossível!

Por fim a ceia ficou pronta. Os meninos os avós, toda a família estava solenemente emocionada. Com que ansiedade esperava a ilustre visita que tanto os honrava! As horas foram passando e Jesus não vinha. Foram resistindo, mas Jesus não vinha. As horas passavam. O apetite apertava. Foram provando os aperitivos. Mas Jesus demorava e eles não faziam efeito no estômago. Por o sono, a espera e o cansaço fê-los esquecer as iguarias prontas na cozinha.
Adormeceram.

Na manhã seguinte, para grande espanto seu, a senhora ao acordar viu o Anjo.
— Mas será possível! Será possível?, gritou enfurecida e raivosa. Será possível um Anjo mentir? Eu preparei tudo com esmero e carinho. Esperamos toda a noite e Jesus não veio! Fomos humilhados! Porque é que Você me enganou?
Respondeu-lhe o Anjo:
— Eu não menti, senhora. Você é que não teve olhos para ver. Jesus esteve três vezes na sua casa. Veio na pessoa da mulher grávida, do camionista sujo e do menino faminto. Porque não foi você capaz de O reconhecer e de O receber?

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