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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Festividade do Menino Jesus de Praga


O Verbo fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1:14)
No Domingo passado — Festa do Baptismo do Senhor — beijámos o Menino Jesus pela última vez. Este domingo, a espiritualidade da nossa Ordem convida-nos de novo a relançar o olhar para a infância de Jesus, com a celebração da festividade do Divino Menino Jesus de Praga, invocação e devoção muito querida da nossa família espiritual.
Jesus era verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. É isso que confessamos quando rezamos o Credo. Isto é, o Verbo Filho de Deus ao incarnar assumiu completamente a humanidade e todas suas limitações que tal eleição supôs. Porque estávamos separados de Deus por causa do pecado, foi necessário que Deus Filho incarnasse na história para que pudéssemos regressar à inteira comunhão com Ele. Assim porque Jesus é Deus torna eficaz a sua obra realizada na Cruz, e porque é homem garante que os méritos da sua morte sejam aplicáveis a todos os humanos.
Jesus foi tão humano quanto divino; e se é certo que é fácil reconhecê-lo como Deus, também é certo que muitos hesitam ou sentem dificuldades em aceitá-lo como homem.
O Novo Testamento diz-nos que Jesus nasceu duma mulher, e não desceu simplesmente dos céus. Da Virgem Maria Jesus recebeu ascendência; e o mesmo se diga de José, que deu o nome ao Menino e lhe garantiu a paternidade legal.
Cresceu como qualquer criança, com debilidades e limitações, não era sobre--humano, teve fome e sede, canseiras e dores. Trabalhou na oficina ao lado de José; foi visto e tocado pelos que o rodearam, não era um fantasma nem um espírito, nem um sonho.
Teve sentimentos e emoções de alegria e de júbilo, tristeza e angústia, surpresa e indignação, festejava, comovia-se e chorava.
Porque homem não sabia tudo, mas possuía um conhecimento superior ao normal: ninguém como Ele proferiu palavras tão belas; ninguém como Ele percebia o que no intímo pensavam os amigos e inimigos. Sabia coisas sobre o passado, o presente e o futuro das pessoas.
Jesus foi uma pessoa singular, o humano mais humano dos humanos, o humano que é para nós sinal, referência e aspiração de toda a humanidade. Ele é Deus perfeito e homem perfeito, uma só pessoa, ainda que nos seja difícil compreender como Deus e homem estão unificados num único ser.
O Filho ao assumir forma humana adquire as qualidades humanas e continua sendo Deus. Quando São Paulo afirma que Ele se esvaziou da sua condição proclama apenas que Ele se esvazia da sua igualdade com Deus, não da condição divina. Em consequência, as suas acções não foram umas vezes humanas e outras divinas, foram sempre humanas e divinas.
Jesus é o perfeito humano, sem pecado e submisso ao Pai. É o perfeito Deus, em honra, majestade e poder, que assumiu a humanidade porque se compadecera do homem.
A devoção ao Menino Jesus de Praga funda-se precisamente neste baluarte, que radicalmente confessamos: Jesus era Deus e era homem. Era Jesus, salvador, e homem, menino nascido na gruta humilde de Belém. Foi aí que nasceu a devoção ao Menino. Foi bela e ternamente iniciada por Maria e José, seguida pelos anjos e pastores, continuada pelos Magos em representação de todos os povos até ao fim do mundo, até ao fim dos tempos. Quem alguma vez foi tocado por Jesus não pode deixar de ser atraído pela sua infância, embora mais frequentemente nos centremos na sua vida adulta, de anúncio salvador.
É justo que nos surpreendamos que os santos se encantem com este mistério imenso da incarnação do Verbo Filho de Deus, que depois cresceu e amadureceu no seio da família de Maria e José? Não. Foi exactamente isso que sucedeu com nossos pais S. João da Cruz e S. Teresa de Jesus. Foi no seio da nossa família carmelitana que nasceu a devoção ao Menino Jesus sob o título de Praga, por ter nascido no Convento do Carmo dessa cidade checa. Daqui se universalizou por todo o orbe cristão, como um tesouro comum.
A todos, como a irmãos queridos, Ele, Divino Reizinho, proclama: «Quanto mais me honrardes, mais Eu vos favorecerei!»
Seja! Assim seja! Deus seja louvado! Amen!

[Chama do Carmo - 18 janeiro 09]

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