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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Muito obrigado!


Há cinco anos atrás, neste mesmo Sábado, no fim desta Eucaristia, informei-vos das obras que estariam para começar. Disse nessa altura, mais ou menos isto: «As telhas estão podres, os caibros estão a ruir, as paredes estão estragadas, chove dentro da Igreja, chove dentro do Convento, entra vento, frio e calor e os bichos convivem com os frades. Senhor Engenheiro David Leite não deixe cair esta igreja. Faça as obras que aqui falta fazer e depois faça também um Convento novo onde os frades possam viver.»
Claro que estava quase tudo preparado para começar. Aquelas palavras — como ele bem entendeu, e depois mo disse — só queriam dizer que as obras eram de todos: dos frades desta Comunidade e de todos os fiéis leigos Carmelitas. Isto é, de todos vós. Ele seria, enfim, o ponta de lança do compromisso da comunidade laical carmelitana de Aveiro. Foi isso que ele bem entendeu e fez.
Passados cinco anos, terminadas as obras que nos propusemos [Não é por faltarem cinco pedras, quatro marteladas e três pinceladas que eu vou dizer que elas não estão acabadas.] dizia, terminadas as obras que nos propusemos, cumpre-me a mim, Superior desta Comunidade, pôr a última pedra, ou como quem diz, a última palavra.

E esta palavra são duas: MUITO OBRIGADO!

Muito obrigado a Deus Nosso Senhor, que é sempre bom. Se todos concordarem comigo, todos juntos diremos que foi muito bom estar na re--construção da nossa Igreja do Carmo e do nosso Convento, porque o fogo que ardia no coração da nossa Santa Madre Teresa de Jesus não era outro que o de ver nascer casas onde Deus e Nossa Senhora fossem muito honrados, porque muito feridos e desonrados são em muitíssimas outras!

Muito obrigado a Nossa Senhora do Carmo, que é sempre Mãe e Irmã nossa. Foi por Ela. E foi para que Ela se sinta bem no nosso meio. Deu-nos uma casa nova onde nos sentimos bem, e nós demos-lhe uma igreja renovada, uma coroa, opas novas da sua Confraria, capas brancas da Fraternidade, uma nova cruz processional e também um barco! Afinal, ela é a Capitã das nossas vidas e trabalhos.

Muito obrigado à Equipa Técnica do senhor Arquitecto Francisco Simões que riscou e arriscou nestas obras. Nunca é fácil tocar num monumento com quase quatrocentos anos. E porque estamos no século XXI também não é tarefa cómoda erguer um convento. Hoje já não são muitos a saber o que é um convento. E são menos os que sabem riscá-los. Pelo bem que fez, muito obrigado ao senhor Arq. Francisco Simões.

Muito obrigado à Soianenses, na pessoa do senhor Agostinho Ferreira. Na Soianenses não vejo hoje só uma construtora civil; vejo amigos e até um complemento da nossa família do Carmo. Alegra-me saber que em tempos difíceis as suas famílias comeram do pão que aqui amassaram e nós abençoamos. E alegra-me muito que nem um operário aqui se tenha ferido! Nem um! [Se deram marteladas nos dedos foi só para lembrar que as segundas-feiras costumam ser dias difíceis!].

Muito obrigado a todos colaboradores e benfeitores. Uns perderam muito tempo com estas obras e outros perderam muitíssimo. Uns inquietaram--se muitos com as obras, mas outros perderam muitíssimo sono por causa delas. Só Deus sabe quem mais perdeu. Só Deus sabe quem mais ganhou. Só Deus sabe quem mais amou. Só Deus sabe qual a oferta que mais Lhe agradou.
Eu e a Comunidade estamos agradecidos. Simplesmente agradecidos.
As obras só puderam ser feitas com as benfeitorias que nos fizeram. Elas chegaram-nos de Aveiro e seus arredores; de Braga, de Viana e das gentes das outras Comunidades carmelitanas, como a de Avessadas [Que tem hoje aqui uma representação e me dão uma grande alegria por escutarem estas palavras!].

Ouvi muitos comprazimentos com as obras. E ouvi muitos conselhos. «Faça assim». «Não se esqueça daquilo». «Olhe bem por aquelas pedras». E ouvi e oiço também muitos elogios. As imperfeições — que as há! — ficam serenamente diluidas no muito bem que se fez. Quero, por isso, agradecer também aquilo que vós não calastes, o que nos aconselhastes, o que em nós confiastes.

Alguém me dizia ontem o provérbio: «Se queres desejar mal ao teu vizinho, deseja-lhe obras em casa». Sim. As nossas obras foram um mal necessário que nós suportamos com garbo, com brio, orgulho, sacrifício, ânimo, paciência, garra e gosto. Eu desejei-me este mal a mim mesmo. Embora talvez, talvez não soubesse que haveria tanto pó, ruído, desconforto, frio, vento, reuniões, decisões, dores de cabeça, susto e até lágrimas.

Mas valeu a pena, porque esta é obra de Deus. Deus andou aqui connosco: andou nos nossos trabalhos, no meio do pó e dos andaimes, nas reuniões, nos estiradores e computadores, nas orações e dores de cabeça. Que a sua bênção nunca nos abandone. Pois até agora nunca nos abandonou.
Agora que terminaram as obras, falta repetir o que Jesus ensinou a dizer aos servos que apenas cumprem o que lhes foi mandado: «Sou um servo inútil, só fiz o que devia ter feito» (Lc 17:10). E dizer estas, que são minhas: Sou um servo inútil, só fiz aquilo que me beneficia.
Agora que terminaram as obras, falta também recordar que há mais obras por fazer. Falta a boa obra que cada um tem de fazer da sua vida e da sua família. E faltam as obras no edifício do ex-Convento que nos foi devolvido. Serão feitas quando Deus quiser, quando Ele mandar. Porque é Ele quem manda. Nós só somos servos!

Mas convém aqui recordar hoje que dentro de seis anos, em 2013, se celebram os quatrocentos anos da fundação deste Convento do Carmo. Nessa data nem todos estaremos aqui, mas, desde já, todos poderemos ajudar a celebrar essa data feliz da história da nossa Comunidade do Carmo e da história da cidade de Aveiro.
O que fizermos há-de ser sempre por Deus e por Nossa Senhora do Carmo. Eles é que são os senhores. São Eles quem mandam. E já que mandam, que mandem. Que mandem! Porque há aqui quem obedeça bem e quem construa bem.
Por isso, rezamos:
Divino Menino Jesus de Praga - Abençoai-nos!
Nossa Senhora do Carmo - Rogai por nós!
S. Padre João da Cruz
S. Madre Teresa de Jesus
S. Teresinha do Menino Jesus
São Rafael de S. José Kalinowski
Bem-aventurado Redento da Cruz
Bem-aventurada Isabel da Trindade
Todos os Santos e Santas do Carmo,
Todos os Santos e Santas de Deus,
Viva a nossa Mãe do Céu!
Viva Nossa Senhora do Carmo!
Viva a Senhora do Carmo!

Homilia do Sábado da Procissão de Nossa Senhora do Carmo,
[22 de Julho de 2007]

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