...

sábado, 24 de março de 2007

Uma questão de olhares

Do lascívo ao simples, do orgulhoso ao paternal as cambiantes do olhar são imensas. Não há olhares iguais, todos são diferentes. E o eixo da questão está na intencionalidade. Ou na falta dela. Há, pois, olhares e olhares.
É disso que fala este Domingo V da Quaresma. Dos olhares. Dos que matam em nome de Deus. E do olhar de Deus que, no fim de contas, dá a vida. O olhar de Deus é amar, diz S. João da Cruz. Quer dizer: dá vida, recria, reanima.
Assim como a fé entra pelo ouvido, a caridade entra pelo olhar. Não tenho dúvidas. Está tudo à vista: ou se tem mãos vazias ou cheias de pedras. O segredo está no olhar, porque é o olhar que nos enche.
Dizia Simone Weil que «uma das verdades fundamentais do Cristianismo, embora muito esquecida, é esta: o que salva é o olhar». Sim, é verdade. O que salva ou o que mata é o olhar. Por alguma razão, vejo-o nos filmes, os assassinos não olham as vítimas. E menos ainda os olham olhos nos olhos. Alguma razão hão-de ter.

Sem comentários: