Arley
Arley era jovem e tinha sonhos. Mas
trucidaram-lhe os sonhos de jovem. Tinha 30 anos e de nome completo Arley Arias
García. Era sacerdote, colombiano, e foi assassinado numa emboscada. Em Maio de
1999 a guerrilha queimou-lhe a igreja paroquial e Arley voltou a construí-la.
No dia 22 de Novembro do ano passado uns desconhecidos assassinaram-lhe um
irmão. Mas nem assim Arley, o P. Arley, abandonou o sonho de ver o seu país
pacificado, e por isso se preocupava em ser ponte de paz. Várias vezes, com sucesso,
junto da guerrilha, tinha solucionado vários sequestros. Até que chegou a sua
hora de ser mártir. E foi. Testemunhou com a vida o amor ao seu povo, à Igreja
e a Deus.
Na Alocução do Angelus de 3 de
Fevereiro, como se falasse do P. Arley, dizia o Papa: «Os mártires não
desprezam a vida. Permanecem, isso sim, fiéis ao Deus da vida e aos seus
mandamentos e aceitam o martírio».
Eleições
Saídos de umas aí vamos nós para outras
eleições. É interessante verificar como alguns dos nossos políticos usam
carimbos que não autenticam nada. À luz da doutrina social da Igreja Católica
aí vão dez princípios que o Papa tem proclamado no sentido de orientar os
políticos (sobretudo, os cristãos):
1. Servir a sociedade procurando o bem
comum e promovendo a participação solidária de todos.
2. Viver e trabalhar em coerência com os
princípios cristãos que o inspiram.
3. Fundamentar a sua actuação na
inalienável dignidade da pessoa humana.
4. Interpretar a justiça de acordo com a
doutrina social da Igreja, conforme o seu leal entendimento.
5. Promover a justiça e a igualdade de
oportunidades para todos, em especial para os mais necessitados ou
desfavorecidos.
6. Cuidar que a lei positiva se enraíze
na lei natural.
7. Defender a cultura e a vida, de modo
especial, em relação aos mais indefesos: os não nascidos, crianças, idosos e
doentes terminais.
8. Defender a família como célula básica
da sociedade e como escola de valores.
9. Promover o diálogo, longe dos
afrontamentos.
10. Submeteras leis do mercado à justiça
e à solidariedade.
Assis
Em Assis o Papa reuniu as religiões
do mundo. Fê-lo mais uma vez num tempo em que já ninguém esconde o enorme
esforço para remeter a religião para trás da cortina. No palco vê-se de tudo
menos religião. Porém, quanto mais se remete para trás do cenário mais a
religião vem para boca de cena. Assis é sinal disso. O 11 de Setembro também. O
que antes remeteram para o oculto e o privado veio para a rua e para a luz do
dia! Existem dois trabalhos muito comuns na sociedade actual. O
primeiro, como fica dito, trata de ocultar a religião. O segundo é lançar
poeira aos olhos. E já que vamos para eleições aí vai o desafio do
esclarecimento. Porque não nos dizem os senhores políticos o que pensam fazer à
Lei da Liberdade Religiosa? E à Concordata? E às Instituições de Solidariedade
Social? E à presença das Igrejas nas escolas e nos meios de comunicação social?
E já agora, as religiões são espinhos na sociedade ou parceiros de diálogo?
Que o Estado seja laico e não se deixe manipular. Mas que
quem nos governe reconheça a nossa matriz cultural, a nossa história, as nossas
referências religiosas. Não defendam a (nossa) fé, clarifiquem as vossas
opções. Digam o que entendem por direitos, deveres e privilégios. E nem importa
que coloquem o assunto religião na gaveta, mas depois não se aproveitem dos
nossos recursos e potencialidades sociais renunciando às responsabilidades
próprias.
Milagres
D. Fernando Mascarenhas, marquês de
Fronteira, desafiou a Comunidade de Leitores a ler e debater um livro policial.
Começaram a falar de detectives e personagens suspeitas e acabaram a falar da
Bíblia. Alguém disse: «à parte os milagres, a Bíblia podia passar-se hoje».
Devo esclarecer que tanto quanto percebo
a Bíblia passa-se ainda
hoje, até nos milagres. A verdade é que aquilo que se passa na Bíblia é o grande diálogo de salvação entre Deus e
Humanidade. E aí está o milagre: Deus faz-se entender e amar pelo coração
humano! Inclinou-se sobre a Humanidade para a elevar até junto do seu coração!
Querem maior milagre? Que Deus me desafie todos os dias a saltar para os seus
braços não é isso um grande milagre? Serão precisos mais milagres?
Quaresma
Começou a Quaresma. Repete-se à
comunidade cristã o convite oficial para renovar a sua cordial adesão ao
projecto de Jesus. O Povo de Israel
nasceu na quaresma do deserto. Por isso, todos os anos peregrinamos ao deserto
onde nada há — ou melhor onde só há Deus! — para renovarmos as raízes. Foi no
deserto que Deus educou o seu povo, ali lhe provou o seu amor de pai e lhe
falou ao coração. «Desejo convidar todos os crentes, diz o Papa, a uma ardente
e confiada oração ao Senhor, para que conceda fazer a cada um uma renovada
experiência do seu amor». Boa Quaresma...
1’ de sabedoria
O mestre perguntou aos seus discípulos:
-- o que é mais importante, a sabedoria
ou a acção?
Os discípulos responderam todos juntos:
-- A acção, naturalmente! De que vale a
sabedoria que não se concretiza em acção?
E o mestre retorquiu:
-- E de que vale a acção que não nasce
dum coração iluminado?
[12 Fevereiro de 2002]
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