Assis 3
João Paulo II convocou as grandes
religiões do planeta para a cidade italiana de Assis. No dia 24 de Janeiro de
2002 haverá nova jornada de oração pela paz. Será a Assis 3!
Foi no 27 de Outubro de 1986 que o Papa
convidou pela primeira vez as religiões para uma jornada de oração. Era um
encontro «para estar juntos para rezar pela paz». A convocatória estranhou a
todos. O mundo vivia o risco sério de confronto nuclear entre Este e Oeste.
Três anos depois do encontro caía o Muro de Berlim!
A 9 e 10 de Janeiro de 1993 o Papa
convocou cristãos, muçulmanos e judeus para um «Encontro especial de oração
pela paz na Europa e especialmente pelos Balcãs». Vivíamos a guerra da
Jugoslávia...
Na sequência da crise de 11 de Setembro
o Papa convoca, pela terceira vez, as religiões para Assis. Recusando-se a ver
neste conflito uma guerra de religiões o Papa está convencido de que a matriz
do mundo muçulmano é a tolerância e o convívio com as outras religiões. No dia
24 de Janeiro estaremos juntos a rezar pela paz. Ninguém mandará em ninguém
porque todos desejamos o bem precioso que a todos faz falta, a paz.
Gatos
Dizem que têm sete vidas. Cá tenho as
minhas dúvidas. Explico-me. Na novo troço que traz a auto-estrada à ponte de
Canaveses (e em muitas outras estradas do país, estou certo.) tenho visto gatos
e até cães mortos. Um destes dias contei onze! Negros eram oito! Passados oito
dias continuavam lá, e uns dias depois também. Não me espanta o azar dos gatos
em quem reconheço certa habilidade na gestão no gastar das vidas, mas já me
espanta que ninguém se sinta responsável a poupar-nos aos tristes, repetitivos
e incómodos espectáculos dos animais mortos nas nossas estradas...
Bin Laden
O Pedro não sabia quem era o bin Laden.
Na cara do Pedro vi a estranheza que eu mesmo devo ter feito quando ouvi tal
nome, que é sinónimo de terror e medo. Um dia depois o Pedro não vira ainda o
filme, porque o imediato impedira de absorver toda a informação sobre o 11 de
Setembro. Muitos disseram que o mundo pós-11 de Setembro estava diferente,
tinha mudado. Só não mudara no casulo mais vigiado. Porque não havia
informação!
Será talvez exagerado afirmar mas hoje é
a informação que nos faz. A informação, não a formação. Por isso somos tão
voláteis, porque aquilo que nos vai formando — a informação — também o é. Como
não aguentamos informação requentada necessitamos de nova dose de novidade que
sacie em nós a ânsia de saber o que se passa no mundo que passa. Há nisto algo
de perverso: vivemos demasiado projectados para fora, assustamo-nos se temos de
parar e de fazer introspecção. Logo, ou recebemos informação — isto é, coisas
novas, até estapafúrdias — ou estamos mortos de tédio.
Ninguém aguenta o silêncio...
Antigamente as grandes personalidades
construiam-se sobre o a calma, a atenção prestada ao que deveras era essencial.
Em razão disso levavam tempo a construir e muito mais a passar de moda! Hoje as
grandes banalidades constroem-se sobre o que passa, o secundário e o banal. E
como tudo passa tão depressa não admira que tenhamos medo de nos encontrarmos
connosco próprios. Até porque é difícil encontrar-nos connosco próprios que —
até para nós — estamos de passagem.
Rir
Temos de estar sempre a rir. Quem não ri
não tem piada, e quem não faz rir não serve para amigo. Ou estamos na onda (Sabes
a última, perguntamos.) ou remamos contra a maré. É curioso e talvez trágico
verificar que rimos, parece-me, para não pararmos para pensar. O real é tão
impróprio para consumo que tacitamente assinamos um acordo que diz: bora,
pessoal, vamos rir. E rimos para que que nos vejam rir, e não porque tenhamos
razões para isso.
Dizia S. Teresa de Jesus que um santo
triste é um triste santo! Não me parece que devamos ser soturnos e carrancudos.
Não, isso não! Somos portadores da melhor notícia: Jesus ressuscitou (e nEle, e
por Ele ressuscitaremos nós!)! Quem se confia à dinâmica da fé no Ressuscitado
só pode ser feliz. O católico é alguém que ri, que é feliz. E nos tempos que
vivemos rir é sinal de fé.
Não é, por conseguinte, disso que vinha
falando. Porque o que a mim me surpreende é o absurdo do riso de quem ri porque
já não acredita em nada.
Feliz 2002!
Chico Fininho
Estudava eu Teologia e uns colegas
quiseram visitar/conhecer o meu convento. Foram, e visitaram. (Não sei o que
esperavam, hoje penso que talvez um centro comercial com muita música, muito
ruído, muito movimento...) Não estavam ali há dez minutos quando me pediram,
vamos embora que este silêncio (o meu querido silêncio conventual!) cansa e
oprime! Acabamos a tarde no bar da Faculdade ao som do Chico Finhinho...
2000
Tudo passa, só Deus não muda. Passa o
tempo e passa a desgraça, e por graça só Deus é que não passa. Embora em nós
passe a percepção e a relação que temos com Deus. Assim como uma aurora entrega
à outra a mensagem e o segredo do recomeço, assim um ano entrega ao outro o
desejo de novidade.
Começou 2002. Na Igreja ouvimos textos
de paz e de bênção. Ao Deus que não passa imploramos a graça da bênção sobre
tudo o que passa. O amanhã não será sem o ontem, mas como temos necessidade do
novo e do diferente há em nós desejos de paz. Porém, a frieza do nosso
cepticismo diz-nos que o passar dos dias pode cunhar na nossa memória datas
como a de 11 de Setembro, e por isso armamo-nos de falsa prudência. No fim de
contas, não queremos que se repita a cena mas pouco fazemos para construir
esperançadamente a paz. O Papa ensina que só há paz onde existe justiça,
reconciliação e perdão. São coisas que requerem tempo, exigem muito trabalho e
nós não temos paciência. Mas valeria a pena... Feliz 2002!
1’ de sabedoria
-- Desejo ver a Deus..., disse o
discípulo.
-- Pois está olhando para Ele agora
mesmo, disse o mestre.
-- Então porque não o vejo?
Mais tarde o mestre explicou aos outros
discípulos:
-- Pedir que Deus se revele totalmente
nesta vida é pedir que o olho veja o próprio olho; ou que a faca se corte a si
mesma; ou que o perfume da flor se cheire a sim mesmo.
[1 de Janeiro de 2002]
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