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sábado, 27 de dezembro de 2008

Carta dum filho

Pai não me grites,
porque te respeito menos quando o fazes.
E me ensinas a fazê-lo e u não quero fazê-lo.

Trata-me com amabilidade e cordialidade
como tratas os teus amigos.
Para sermos uma família
não significa que não possamos ser amigos.

Se fizer algo mal feito,
não perguntes por que o fiz.
Porque por vezes nem eu sei.

Não digas mentiras diante de mim,
nem me peças que as diga por ti.
(Ainda que seja para te tirar dum aperto.)
Fazes com que perca a fé no que dizes
e assim sinto-me mal.

Quando te enganares, admite-o.
Assim melhorará a minha opinião sobre ti
e ensinar-me-ás também a admitir os meus erros.
Não me compares com ninguém,
especialmente com os meus irmãos.

Se me fizeres parecer melhor que os outros,
alguém sofrerá.
(E se fazes parecer que sou pior,
serei eu a sofrer!)
Deixa que eu valha por mim mesmo.

Se tu fizeres tudo por mim,
Eu não poderei aprender.
Não me dês sempre ordens.
Se em vez de me mandares me pedisses,
eu faria mais depressa e com mais gosto.

Não mudes de opinião tão frequentemente
sobre o que devo ou não devo fazer.
Decide e mantém a tua posição.

Cumpre as tuas promessas boas ou más.
Se me prometes um prémio, dá-mo.
E se prometes um castigo também.

Trata de me compreender e de me ajudar.
Quando te contar um problema não me digas:
- Isso não tem importância!,
por que para mim tem e tem muita!

Não me digas para fazer o que tu não fazes.
Eu aprenderei a fazer e farei sempre o que tu fizeres,
mesmo quando o não disseres.
Mas nunca farei o que tu digas e não fazes.

Não me dês tudo o que peço,
porque às vezes só peço para ver
quanto posso receber.

Ama-me e diz-me que me amas.
eu gosto que mo digas,
mesmo que tu julgues dispensável dizê-lo.

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