Advento significa «vinda, chegada».
E obriga a vigiar e a esperar «o Senhor que veio, que vem e que virá.»
É preciso «sair ao seu encontro».
Vai chegar. vai chegar o quê?
Vai chegar
Começa o Advento do que vai chegar. Quatro domingos antes do Natal começamos, cada ano, a esperar. A espera torna-se a celebração, uma celebração de ânsia e de gozo e de espera.
Quem espera, desespera. Mas também antegoza, porque já começa a saborear por antecipação o momento da chegada e a alegria da comunhão nos tempos que hão-de trazer o Desejado.
Espera. Porque ainda não é tempo de ver!
Vai chegar. Logo, ainda não chegou!
Vai chegar o quê?
Quantas vezes ao chegarmos ainda não chegamos, porque demoramos a chegar. Dou um exemplo, quem ainda não disse pelo menos uma vez: «Ora, espera aí. Primeiro deixa-me aterrar». Sim, acontece-nos a maioria das vezes que não estamos onde estamos. Estamos ali, mas a cabeça anda muito além. Estamos no quarto, na sala ou no escritório, mas não dispensamos a televisão, o mp3, e dois telémoveis para controlar o marido, a mulher, os filhos, as sogras, os amigos, os clientes, os fornecedores e os trabalhadores. De facto, frequentemente não estamos onde está o nosso corpo. Andamos muito ao longe.
O Advento é um pedaço de tempo não muito longo que pretende ser uma ajuda para aterrarmos. De facto nenhum avião aterra sem uma pista bem sinalizada, a atenção dos pilotos e a colaboração da torre de controle.
Vai chegar. Mas vai chegar o quê?
Primeiro despertar
O Advento consiste em despertar de todas ensonadelas. Dizia São João da Cruz que uma ave presa a uma corda de navio ou a uma linha de coser está sempre presa. E quem está preso primeiro tem de saber que está preso, depois que pode libertar-se e por fim que pode caminhar, que pode voar. E voar de facto. São esses os trabalhos de quem está adormecido ou preso: despertar, libertar-se do sono e voar.
O Advento foi pensado e é celebrado como ajuda para despertar para a realidade. Quem está desperto e vigilante está atento, vive intensamente cada momento de espera, está presente, vivo e sóbrio.
Quem espera não mata o tempo, está em tensão, aguarda, alarga o coração, sabe que não se basta a si, que precisa de mais e por isso arruma a casa, prepara-se, torna-se sensível ao mistério de Deus, que, de facto, é do que aqui tratamos, porque o Advento de que falamos é o de Deus!
A verdade é que aguardamos sempre algo de muito extraordinário e de estrondoso. Andamos tão ensonados que só uma bomba nos acorda, só um crime horrendo ou uma balbúrdia das grandes que chegue a ser berrada em todos os meios de comunicação é que nos agita e estremece.
E Deus é tão discreto! Nasceu e nada buliu ou estremeceu. Nove meses antes o Anjo falara com a Mãe e nem José que trabalhava na divisão ao lado se apercebeu. Deus é tão discreto, tão sereno! É tão assim que não advertimos a Sua presença na pessoa que se cruza connosco e nos pede algo, ou na outra que passa ligeira como um sorriso que se desprende levemente como um obséquio. Deus vem de forma tão especialmente serena quando estamos abertos e despertos ao aparecer.
Deus vem a cada instante
O Advento serve para isso, para nos darmos conta disso: Deus vem a cada instante (e não estamos dispostos e despertos para O perceber e para O acolher).
O Advento não é um Natal antecipado. É a espera do Natal e é também aceitar ser esperado de Deus. Somos convocados para a alegria de esperar Deus a quem tanto amamos. Porém não somos só nós que esperamos: também Deus nos espera, pois somos tão valiosos para Ele!
Deus espera erguer-nos e que nos abramos para a vida e para o amor.
Tu és esperado por Deus!
Abre o teu coração e acorda para Deus que fez dele o lugar do Seu repouso. Abre as janelas da tua casa e põe nelas uma estrela, como sinal de que estás sereno, em Advento, à espera da Luz da luz.
(Chama do Carmo - 30 NOV 2008)
E obriga a vigiar e a esperar «o Senhor que veio, que vem e que virá.»
É preciso «sair ao seu encontro».
Vai chegar. vai chegar o quê?
Começa o Advento do que vai chegar. Quatro domingos antes do Natal começamos, cada ano, a esperar. A espera torna-se a celebração, uma celebração de ânsia e de gozo e de espera.
Quem espera, desespera. Mas também antegoza, porque já começa a saborear por antecipação o momento da chegada e a alegria da comunhão nos tempos que hão-de trazer o Desejado.
Espera. Porque ainda não é tempo de ver!
Vai chegar. Logo, ainda não chegou!
Vai chegar o quê?
Quantas vezes ao chegarmos ainda não chegamos, porque demoramos a chegar. Dou um exemplo, quem ainda não disse pelo menos uma vez: «Ora, espera aí. Primeiro deixa-me aterrar». Sim, acontece-nos a maioria das vezes que não estamos onde estamos. Estamos ali, mas a cabeça anda muito além. Estamos no quarto, na sala ou no escritório, mas não dispensamos a televisão, o mp3, e dois telémoveis para controlar o marido, a mulher, os filhos, as sogras, os amigos, os clientes, os fornecedores e os trabalhadores. De facto, frequentemente não estamos onde está o nosso corpo. Andamos muito ao longe.
O Advento é um pedaço de tempo não muito longo que pretende ser uma ajuda para aterrarmos. De facto nenhum avião aterra sem uma pista bem sinalizada, a atenção dos pilotos e a colaboração da torre de controle.
Vai chegar. Mas vai chegar o quê?
Primeiro despertar
O Advento consiste em despertar de todas ensonadelas. Dizia São João da Cruz que uma ave presa a uma corda de navio ou a uma linha de coser está sempre presa. E quem está preso primeiro tem de saber que está preso, depois que pode libertar-se e por fim que pode caminhar, que pode voar. E voar de facto. São esses os trabalhos de quem está adormecido ou preso: despertar, libertar-se do sono e voar.
O Advento foi pensado e é celebrado como ajuda para despertar para a realidade. Quem está desperto e vigilante está atento, vive intensamente cada momento de espera, está presente, vivo e sóbrio.
Quem espera não mata o tempo, está em tensão, aguarda, alarga o coração, sabe que não se basta a si, que precisa de mais e por isso arruma a casa, prepara-se, torna-se sensível ao mistério de Deus, que, de facto, é do que aqui tratamos, porque o Advento de que falamos é o de Deus!
A verdade é que aguardamos sempre algo de muito extraordinário e de estrondoso. Andamos tão ensonados que só uma bomba nos acorda, só um crime horrendo ou uma balbúrdia das grandes que chegue a ser berrada em todos os meios de comunicação é que nos agita e estremece.
E Deus é tão discreto! Nasceu e nada buliu ou estremeceu. Nove meses antes o Anjo falara com a Mãe e nem José que trabalhava na divisão ao lado se apercebeu. Deus é tão discreto, tão sereno! É tão assim que não advertimos a Sua presença na pessoa que se cruza connosco e nos pede algo, ou na outra que passa ligeira como um sorriso que se desprende levemente como um obséquio. Deus vem de forma tão especialmente serena quando estamos abertos e despertos ao aparecer.
Deus vem a cada instante
O Advento serve para isso, para nos darmos conta disso: Deus vem a cada instante (e não estamos dispostos e despertos para O perceber e para O acolher).
O Advento não é um Natal antecipado. É a espera do Natal e é também aceitar ser esperado de Deus. Somos convocados para a alegria de esperar Deus a quem tanto amamos. Porém não somos só nós que esperamos: também Deus nos espera, pois somos tão valiosos para Ele!
Deus espera erguer-nos e que nos abramos para a vida e para o amor.
Tu és esperado por Deus!
Abre o teu coração e acorda para Deus que fez dele o lugar do Seu repouso. Abre as janelas da tua casa e põe nelas uma estrela, como sinal de que estás sereno, em Advento, à espera da Luz da luz.
(Chama do Carmo - 30 NOV 2008)
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