O presépio não se faz só de imagens, mas também com
silêncios e orações, contemplação e tradição, gestos, rituais, visitas e
cânticos.
Segundo uma tradição, apoiada na melhor pedagogia e
determinada pela liturgia cristã, a construção do presépio deve iniciar-se
quatro domingos antes do Natal, que começa assim a ser antevisto desde longe,
num oportuno contraponto espiritual à pressão comercial. A cada nova etapa a
família e a comunidade cristã vão mergulhando neste mistério de luz, que vai
franqueando todas as vidas, as enrijecidas na dureza dos anos e as ainda ternas
na alvura dos sonhos. O Menino é obviamente o último a aparecer. Aliás, só
aparece em cena na noite de Consoada.
Outra tradição propõe a montagem do presépio só no dia 24, promovendo os benefícios da surpresa e fazendo coincidir a celebração do mistério com a visibilidade plástica do mesmo.
Os pastores andam por ali, uns espantados com a revelação dos Anjos, outros em adoração e oferenda ao Menino. Aparecem ainda outras profissões não mencionadas nos Evangelhos, mas quem se atreve a afirmar que Ele não nasceu para todos?
Imprescindível mesmo são os três Reis Magos. Não adianta dizer que não eram reis nem magos, porque pelo menos eram sábios e de enorme coragem, generosidade e fé.
Há quem recomende que os Magos só cheguem ao presépio no dia de Reis; e há quem recomende que se faça um caminhinho e que eles sejam postos no seu início, e que dia a dia sejam movimentados até chegar à manjedoira no domingo da Epifania do Senhor.
(O Irmão Domingos, que faz presépios e adornos como quem faz homilias, disse-me no Sábado passado: «Vou mudar os Reis Magos!». Estranhado, fui espiá-lo do coro e vi que trocava os Magos a caminho pelos Magos em adoração. Esta solução é também muito bela e pedagógica, mas é mais cara. Ainda assim faltou o tal caminhinho, Irmão Domingos...)
Em algumas tradições acendem-se luzes e velas (podem incluir-se as da Coroa do Advento), e também se queima incenso como desejo de que a nossa vida Lhe seja perfumada.
Por fim, há uma data para desmontar o presépio, é no fim das festas do Natal que coincidem com a celebração da Festa do Baptismo do Senhor. (O que sucede neste Domingo.) Erram, portanto, os que o desmontam a 7 de Janeiro, quando não antes!
Desfeito o presépio deixa de ver-se o Menino deitado, mas pode introduzirr-se a ideia da fuga atribulada da Sagrada Família par ao Egipto, sob o terror de Herodes. De facto, em algumas regiões o presépio é substituído por algumas cenas da Fuga para o Egipto.
O desmontar do presépio é outra maneira de ir ao presépio e contemplar o Salvador. Olhando-o, como não ouvir o bater daquele coraçãozito que clama por um bater concorde? Ano após ano o presépio vai sendo montado, e o Menino mostrado. E eu? E eu que não sou capaz de acolher!
Sabemos que S. Francisco se referia ao corpo chamando-lhe «Irmão Burro». Creio ser porque a alma se propõe correr em frente e o corpo se revela frequentemente bem teimoso, bem burro! E como não olhar para o burro do presépio, quando se olha Redentor? Em que bela história participou! Como não meditaria naquele Menino visitado por pastores e reis, apesar de ter nascido num estábulo! Porque se deitaria na majedoira onde habitualmente comia? (Quem compreenderá os humanos!)
Uma noite acordara com um choro de criança (uma criança aqui?, pensou o burro). Depois vieram pastores e homens ricos com ricas roupas e muitos presentes proclamando maravilhas do Menino (e o burro, claro, espantado!). E o velho burro, remoçado, lá ia soprando calor e mais calor pelas ventas para O aquecer.
Numa manhã fria acordou estremunhado com um alarido popular daqueles que só há no Oriente: o Menino Jesus não estava ali, o Menino Jesus não estava ali, tinha partido! Enfim, nunca mais voltou a saber dEle. A burrice da sua vida ficou-se por ali, entre a cova, os montes e as courelas engelhadas e pobres. Nos momentos maus pensava na cara do Menino e nos sorrisos dos pais, e então enchia-se de força e recomeçava a caminhar.
Que a nossa vida seja igual.
Outra tradição propõe a montagem do presépio só no dia 24, promovendo os benefícios da surpresa e fazendo coincidir a celebração do mistério com a visibilidade plástica do mesmo.
Os pastores andam por ali, uns espantados com a revelação dos Anjos, outros em adoração e oferenda ao Menino. Aparecem ainda outras profissões não mencionadas nos Evangelhos, mas quem se atreve a afirmar que Ele não nasceu para todos?
Imprescindível mesmo são os três Reis Magos. Não adianta dizer que não eram reis nem magos, porque pelo menos eram sábios e de enorme coragem, generosidade e fé.
Há quem recomende que os Magos só cheguem ao presépio no dia de Reis; e há quem recomende que se faça um caminhinho e que eles sejam postos no seu início, e que dia a dia sejam movimentados até chegar à manjedoira no domingo da Epifania do Senhor.
(O Irmão Domingos, que faz presépios e adornos como quem faz homilias, disse-me no Sábado passado: «Vou mudar os Reis Magos!». Estranhado, fui espiá-lo do coro e vi que trocava os Magos a caminho pelos Magos em adoração. Esta solução é também muito bela e pedagógica, mas é mais cara. Ainda assim faltou o tal caminhinho, Irmão Domingos...)
Em algumas tradições acendem-se luzes e velas (podem incluir-se as da Coroa do Advento), e também se queima incenso como desejo de que a nossa vida Lhe seja perfumada.
Por fim, há uma data para desmontar o presépio, é no fim das festas do Natal que coincidem com a celebração da Festa do Baptismo do Senhor. (O que sucede neste Domingo.) Erram, portanto, os que o desmontam a 7 de Janeiro, quando não antes!
Desfeito o presépio deixa de ver-se o Menino deitado, mas pode introduzirr-se a ideia da fuga atribulada da Sagrada Família par ao Egipto, sob o terror de Herodes. De facto, em algumas regiões o presépio é substituído por algumas cenas da Fuga para o Egipto.
O desmontar do presépio é outra maneira de ir ao presépio e contemplar o Salvador. Olhando-o, como não ouvir o bater daquele coraçãozito que clama por um bater concorde? Ano após ano o presépio vai sendo montado, e o Menino mostrado. E eu? E eu que não sou capaz de acolher!
Sabemos que S. Francisco se referia ao corpo chamando-lhe «Irmão Burro». Creio ser porque a alma se propõe correr em frente e o corpo se revela frequentemente bem teimoso, bem burro! E como não olhar para o burro do presépio, quando se olha Redentor? Em que bela história participou! Como não meditaria naquele Menino visitado por pastores e reis, apesar de ter nascido num estábulo! Porque se deitaria na majedoira onde habitualmente comia? (Quem compreenderá os humanos!)
Uma noite acordara com um choro de criança (uma criança aqui?, pensou o burro). Depois vieram pastores e homens ricos com ricas roupas e muitos presentes proclamando maravilhas do Menino (e o burro, claro, espantado!). E o velho burro, remoçado, lá ia soprando calor e mais calor pelas ventas para O aquecer.
Numa manhã fria acordou estremunhado com um alarido popular daqueles que só há no Oriente: o Menino Jesus não estava ali, o Menino Jesus não estava ali, tinha partido! Enfim, nunca mais voltou a saber dEle. A burrice da sua vida ficou-se por ali, entre a cova, os montes e as courelas engelhadas e pobres. Nos momentos maus pensava na cara do Menino e nos sorrisos dos pais, e então enchia-se de força e recomeçava a caminhar.
Que a nossa vida seja igual.
Nas nossas casas e igrejas deixará de brilhar o presépio,
mas no coração, eterna cova de Belém, estão o Menino, Maria e José prontos a
deixar-se ver desde a rudeza dos caminhos da nossa vida.
Um ano feliz!
Um ano feliz!
[Chama do Carmo - 11Janeiro09]
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